quarta-feira, 1 de abril de 2009

Álbuns - "Ten" (Pearl Jam)

Posted on 10:16 by FHAE


Ten nunca deixou de andar nas bocas do mundo. Mas muito recentemente está ainda mais em voga. E isto porquê? Pela simples razão de que este álbum foi reeditado podendo ser encontrado também numa edição bem especial com conteúdos fantástico acrescidos ao grandioso álbum citado. Ten chega às lojas em 1991 sob o signo da editora Epic Records. A maioria das músicas deste álbum começam por nos brindar com uns belos instrumentais, seguindo-se a entrada vocal de Eddie Vedder com letras da sua autoria e que nos falam de depressão, sem-abrigos e abusos. Para aqueles que pensam que Ten foi logo um sucesso imediato, desenganem-se. Só em 1992 é que este trabalho discográfico viria a ter reconhecido o seu mérito, arrecadando um 2º lugar na Billboard 200. Tidos como um dos grandes nomes do grunge, neste seu primeiro trabalho os Pearl Jam chegam e conquistam. Muito devido a canções como "Even Flow". Este single que sucedeu ao hit "Alive" foi mais um dos passos em frente tomados pelos Pearl Jam que fizeram com que este álbum vende-se mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo. A primeira versão do videoclip custou-lhes uma quantia monetária um tanto elevada e nunca viria a sair cá para fora devido à insatisfação da banda face aos resultados. Este seria o primeiro sinal de desconforto dos Pearl Jam quanto ao fantástico mundos dos videoclips. Como não temos videoclip, só podemos ficar com uma brilhante actuação ao vivo. E já será muito bom para a nossa vista e ouvidos. "Even Flow" ao vivo em São Paulo, no Brasil. Boas audições, e o texto, volta já de seguida.




Outra faixa que merece igualmente o nosso destaque é "Jeremy". Esta música baseia-se na história verídica de um rapaz de 16 anos chamado Jeremy Dell, que cometeu o suicídio perante o olhar da sua turma na sala de aula, numa escola em Richardson, no Texas. A banda perante os resultados obtidos na construção do videoclip fica satisfeita. E porquê? Porque insiste na violência. Fiquem já de seguida e sem perder mais tempo, com este fantástico videoclip que infelizmente poucos conhecem.





Para terminar, e porque não nos podemos alongar mais nestas linhas, vejamos o que nos diz Lia Pereira acerca da reedição de Ten na BLITZ deste mês. Boas audições e leituras!


Março de 1992. Na carreira dos Pearl Jam, este é um daqueles momentos em ponto-rebuçado que, agora que a banda começa a olhar para o passado, reeditando a sua discografia, emociona rever. No único MTV Unplugged que gravariam, o grupo e Eddie Vedder - sentado timidamente num banco, mãos juntas à frente e boné para trás, num visual naïf rematado por sorriso quase infantil - estabelece ligação directa com uma geração. A começar, com a dos surfistas, pela mão da até agora inédita rendição de "Oceans": "uma canção de amor que escrevi sobre a minha prancha", apresenta Eddie Vedder com o tal sorriso, antes de se atirar a "State of Love and Trust", uma das primeiras amostras do rock sério, emotivo mas ainda assim raivoso que os Pearl Jam cunhariam. Segue-se, e os milhares que gravaram em VHS este concerto sabem a sequência de cor, a emblemática "Alive", a provar que, ao primeiro álbum, as canções memoráveis saíam em cacho aos Pearl Jam e que o seu ADN - menos linfático que o dos comparsas Nirvana, aspirando à mesma eternidade de Bruce Springsteen ou Neil Young - ficava assim gravado na pedra. Breve, carismático e simbólico, o concerto dos Pearl Jam na MTV funciona como viagem ao passado para a geração que marcou, e como derradeira apresentação de uma banda que combinava o rock de punho fechado que dominaria a década de 90 com um coração aberto. Na pessoa e na voz - incrível, intuitiva - de Eddie Vedder, os Pearl Jam pareciam transportar um sentido de virtude e autenticidade, como se por Vedder passasse a verdade do mundo mas, ao contrário de Kurt Cobain, ele chegasse muito bem para ela. A edição em DVD deste concerto é, porventura, o ponto alto da reedição comemorativa de Ten, onde se incluem versões com concertos em vinil, cadernos de apontamentos de Eddie Vedder e do baixista Jeff Ament, uma mão cheia de raridades e uma nova remistura do álbum, pela mão do produtor Brendan O'Brien. Um pouco mais crua e rente às referências setentistas dos Pearl Jam, esta nova leitura não é necessária para que se reconheça a Ten, uma das melhores estreias dos últimos 20 anos, o estatuto de álbum clássico.


Fonte: BLITZ nº34 (Texto de Lia Pereira)

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